27 de outubro de 2010

renuncia



cansei de ser a segunda opção
de amar e não sentir que é recíproco
cansei das pessoas que vêem apenas meu rosto
apenas minhas linhas
e não lêem o meu eu
as entrelinhas do que sou
cansei da procura incessante
por aquele que vai me amar como sou
não o que pareço

por todas as lágrimas
e por todas as dúvidas
aqui hoje eu vejo aonde quero ir
o que eu necessito
então renuncio todas as buscas
renuncio aos sorrisos forçados
as frases decoradas
renuncio o meu querer acima do meu sentir

enfim que toquem os sinos
mas na hora certa
com o alguém que o destino mandar
sem pressa,
sem culpa,
sem porquês
apenas no devido momento em que estiver pronta
pronta a receber minha dádiva.

15 de outubro de 2010

sonho

por deveras vezes me senti só
como se não existisse o alguém
alguém para compartilhar
e merecer meu sorriso
aquele que me fizesse despreocupar
das coisas do mundo
somos pequenos
fragéis
a gente parece formiga
perto dos sentimentos
das alegrias e amores por vir
sei que no quebra cabeça da vida
minhas pecinhas aparecem aos poucos
na devida hora e no lugar certo
pra ter motivo pra viver de novo
sonho parece verdade
quando a gente esquece de acordar
quero poder fechar meus olhos
e imaginar
ter a certeza que sim
esse alguém que está no meu pensamento
também pensa em mim
quando fecha os olhos
que farei falta quando não estiver por perto
quero ter a certeza
de que apesar de minha renúncias e loucuras
alguém me valoriza
simplesmente pelo que sou
pela essência dos meus sentimentos

7 de outubro de 2010

não contenha o amor


sempre foi tão natural pra mim amar
que eu simplesmente saia por ai espalhando amor
dizendo amor, escrevendo e sorrindo amor.
não sei ser contida e pensar mil vezes antes de dizer que gosto de alguém.
até consigo, mas o amor fica querendo sair por cada poro do meu corpo
tornando uma luta desagradável, essa de não dizer.
não era pra ser desse jeito.
as pessoas não deviam entrar em pânico e sumir
ao ouvir que outras pessoas se importam
muito pelo contrário: deviam se sentir felizes
e capazes de dividir esse carinho.
como vim parar nesse mundo estranho?
onde sentimento é algo que se deve evitar, esconder e negar?
por que é que fui cair justo aqui, nesse lugar que fede hipocrisia
grita solidão e ecoa vazio
onde ninguém resiste à qualquer sinal de dependência emocional
por mais pura que seja?
pra que negar, se omitir, calar?
amar é bonito, é leve.
todo mundo ama, todo mundo esconde.
mas se devo esconder, por que sentir?
eu só queria um pouquinho de carinho
será que é muito difícil?
um pouquinho de companhia bastava, qual o problema?
sentimentos nasceram para serem sentidos
não para serem escondidos debaixo da dor.
deve ter mais alguém que caiu nesse planeta solidão por acaso
e não entende de fingir.
estou aqui, perambulando sem espaço, sem rumo, sem nexo
mas sei que estou certa.
todo mundo, bem lá dentro
quer esse amor de graça que parece só existir em mim.
mas creio que essa busca não seja somente minha
espero que ela seja nossa
basta achar o meu divisor comum.

alguém


quantos rostos o acaso me trás
faces perfeitinhas
sem desatinos ou vontades
apenas brincando de ser
de ser quem alguém procura
abra os braços
abrace o mundo
se jogue então ao chão
mantenha-se na superfície da vida
sem demagogias infinitas
um louco desvairado
sem padrão algum
ou melhor
que o seu padrão seja o da insanidade
o precipício não é o nosso limite
e o limite está além dos nossos pensamentos
aliás estes sim voam longe
e bem alto, definitivamente sem rumo
quero meu poeta brincando de pega-pega
um músico com suas partituras espalhadas
que me busque em suas composições
com um corpo riscado
e aquele sorriso explosivo
apaixonadito
mágico louco tirando amores de sua cartola
alguém que me faça esperar pelo agora
o valor de um diamante em um simples bocejo
a metade da minha loucura dividida
somente enquanto eu respirar.